terça-feira, 13 de março de 2012

Violência e Escola


Possivelmente uma das características mais marcantes da atualidade seja a violência que alcança todos os ambientes, está presente em toda a sociedade e marca as relações entre as pessoas, as instituições e os países. A violência prejudica a saúde biopsicossocial das pessoas, afeta a saúde da sociedade e pode ter consequências trágicas. Na generalização da violência, a escola também foi profundamente envolvida. 
A relação entre a violência e a escola pode ser considerada sob diferentes prismas: o da violência que acontece na escola, aquela feita à escola e a violência da escola (Charlot, 2002). Em cada caso, múltiplos enfoques e ciências podem contribuir para se conhecer mais o problema e suas raízes, que podem estar na família, na escola e na sociedade. A violência pode se manifestar na forma de vários tipos de agressão, de incivilidade e de desrespeito, mas resulta de conceitos, preconceitos, práticas cotidianas, representações sociais inadequadas, problemas psicológicos e mesmo da própria ignorância. 
A violência na escola cresceu de tal forma que passou a ser, muitas vezes, cabeçalho de jornais, matéria de revistas de grande circulação, notícia com ampla exploração no noticiário radiofônico e televisivo. Nesses casos extremos, causa indignação, consternação e medo, mas pouco se faz de concreto em termos de estudar as variáveis que a geram e a controlam, no sentido de se rever o que se está sendo feito em termos de educação para sanar essa realidade, ou de se preparar educadores e pais para uma melhor formação do cidadão. 
Embora seja inegável o contexto da violência em que vivem crianças de rua, que inclusive envolve sexo, drogas, apanhar e até matar e morrer, neste trabalho só será enfocada a violência na escola e no seu entorno. Alguns aspectos são de tal natureza e intensidade que, mesmo que sejam de curta duração, suas consequências passam até mesmo a ser fonte para noticiários internacionais. É o caso de assassinatos em  massa nas escolas, depredações e roubos. Outros são mais sutis, mas sua constância e forma acabam marcando tanto o agressor como o agredido, geram outras formas de agressão e, ocasionalmente, podem explodir e até virar manchete de jornais. Em tais circunstâncias, não é de se estranhar que o medo se instale na escola. 
É importante lembrar que embora esteja presente em todos os níveis de escolaridade, a violência assume formas, tipos e níveis diferenciados em cada um deles. Nesse sentido, quando há violência, dois personagens são caracterizáveis: o agressor e o agredido (ou vítima). O primeiro é a fonte ou a origem da ação que atinge o segundo, mas por vezes estes trocam de posição. Em algumas ocasiões a troca de violência é de tal ordem que fica difícil identificar quem está sendo emissor ou receptor da ação agressiva.


FONTE: Witter, G. P. Ponto de vista: violência e escola.Temas em Psicologia - 2010, Vol. 18, nº1, 11 – 15