segunda-feira, 7 de abril de 2014

A MOBILIZAÇÃO É NOSSA RESPOSTA

O instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) errou!  Devido a incompetência ou descuido de um funcionário, publicou-se nas mídias a noticia que 65,1% dos (as) brasileiros (as) apoiavam ataques a mulheres que mostravam o corpo, no entanto, apenas 26% dos (as) entrevistados (as) concordaram totalmente ou parcialmente com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Entendemos que 26% é um valor significativo e deve ser considerado, representa um problema grave em nossa sociedade, a violência contra a mulher que é um fenômeno mundial, faz parte da cultura da violência, que produz sérios efeitos, como traumas físicos e psicológicos, incapacitações e óbitos, destruindo famílias. O QUE FICA ENTÃO?  Fica um exemplo da nossa capacidade de indignação e de mobilização contra situações de violência, envolvendo pessoas de vários setores e idades. Fica a iniciativa da jornalista Nana Queiroz que deflagrou a campanha com o tema “EU NÃO MEREÇO SER ESTRUPADA” de muita repercussão, que mobilizou mulheres e homens que postaram fotos nas redes sociais.  FICA A LIÇÃO QUE NOSSA RESPOSTA É A MOBILIZAÇÃO! TEMOS QUE PROTESTAR SEMPRE!


Por: Prof. José Roberto Brêtas

terça-feira, 1 de abril de 2014

Respeito à mulher: um longo caminho a percorrer

Uma pesquisa recente do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do IPEA, “Tolerância Social à Violência Contra as Mulheres” (http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/140327_sips_violencia_mulheres.pdf), sinaliza questões importantes acerca da violência a que estão expostas as meninas e mulheres no Brasil. A pesquisa confirma o que no cotidiano os meios de comunicação já vinham relatando, por exemplo, a respeito dos episódios recentes de assédio contra mulheres no transporte coletivo de São Paulo (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/03/onda-de-assedio-em-trens-e-metro-envergonha-sociedade-diz-dilma.html).

De acordo com a pesquisa, 91% dos entrevistados de maio a junho de 2013 concordam total ou parcialmente com a afirmação “homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”, sendo que 78% dos 3.810 entrevistados “concordaram totalmente com a prisão para maridos que batem em suas esposas” e 89% discordaram da afirmação “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”. Como a própria pesquisa sinaliza, seria prematuro concluir, com base nesses resultados, a “baixa tolerância à violência contra a mulher na sociedade brasileira, pois a mesma pesquisa oferece evidências no sentido contrário”. Aproximadamente “três quintos dos entrevistados, 58%, concordaram, total ou parcialmente, que, se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros”. Outro dado alarmante: 63% concordam, total ou parcialmente, que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”. A maioria dos entrevistados, 89%, tenderam a concordar que “a roupa suja deve ser lavada em casa” e 82% que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.
A pesquisa aponta uma ambiguidade dos discursos. De um lado, as pessoas acreditam que um homem que pratica violência contra mulheres deve ser preso, no entanto, no que toca à violência sexual, “a maioria das pessoas continua a considerar as próprias mulheres responsáveis, seja por usarem roupas provocantes, seja por não se comportarem adequadamente”. A questão do direito das mulheres sobre seus corpos se mantém como algo a ser conquistado. Segmentos da sociedade toleram e muitas vezes incentivam a violência sexual contra as mulheres, colocando a culpa na vítima pelo ocorrido, seja por causa do ambiente frequentado, da roupa que usava ou do seu comportamento. Esse aspecto da pesquisa remete a uma grande preocupação quanto a tolerância de parte sociedade em relação a atos hediondos de violência contra a mulher.
Os dados sinalizam que a violência contra a mulher segue sendo uma questão de grande complexidade, que envolve desde uma mentalidade patriarcal acerca da figura das mulheres até as subnotificações dos casos de violência sexual no Brasil. A pesquisa nos apresenta o desafio de educar melhor a população e fazê-la refletir sobre os direitos de cada um sobre seu corpo, sua sexualidade, seus direitos e liberdades enquanto cidadão ou cidadã.
Outra pesquisa recente sinaliza que as meninas e mulheres são as maiores vítimas do estresse (http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/03/levantamento-mostra-que-estresse-cronico-atinge-mais-mulheres.html). Podemos inferir que além do estresse da jornada dupla contemplando os afazeres domésticos e a vida profissional, a mulher tem de lida com o temor do assédio. Em alguma medida, essa questão soma-se como mais um fator importante de estresse no cotidiano das meninas e mulheres.

São pesquisas com temas diferentes, mas que induzem a conclusões que nos fazem refletir sobre o longo caminho a percorrer para vivermos numa sociedade mais justa, com direitos e garantias mais equilibradas entre homens e mulheres.

Por: Maria Jose Dias de Freitas (Prof.ª Adjunta UNIP e membro do Gecopros)

segunda-feira, 31 de março de 2014

NENHUMA MULHER MERECE SER ESTUPRADA!

Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que entrevistou 3.810 pessoas em todas as unidades da federação, revelou que 58,5% dos entrevistados concordaram totalmente ou parcialmente com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Em relação a essa pergunta, 35,3% concordaram totalmente, 23,2% parcialmente, 30,3% discordaram totalmente, 7,6% discordaram parcialmente e 2,6% se declararam neutros.  Quando perguntado se "as mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas": 42,7% concordaram totalmente com a afirmação, 22,4% parcialmente; e 24% discordaram totalmente e 8,4% parcialmente. Também se desvelou que 63% concordaram, total ou parcialmente, que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”, 89% dos entrevistados tenderam a concordar que “a roupa suja deve ser lavada em casa”.  
É estarrecedor descobrirmos que 66,5% do universo do estudo eram do sexo feminino. Nesse sentido, entendemos que as mulheres brasileiras deviam valorizar a liberdade e os direitos conquistados. Mas, podemos observar em uma simples pesquisa de opinião o quanto tudo isso é frágil, pois o problema reside na prática cotidiana, instância na qual a igualdade legal e a diferença se transformam em desigualdade, em uma relação de poder desigual entre homens e mulheres. É um absurdo, ver mulheres apoiando modalidades de violência praticadas contra as próprias mulheres, no mínimo é esquizofrenia ou burrice.
O resultado do estudo deixa explícito que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então, as mulheres que os provocam é que deveriam saber se comportar, principalmente vestindo-se adequadamente, e não os estupradores. A violência parece surgir, aqui, também, como uma correção. Desta forma, a mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar.
As relações desiguais na distribuição de um poder subjetivo entre homens e mulheres, ainda nos remete a uma “guerra dos sexos”. Mesmo que alguns considerem ultrapassada a dicotomia nessas relações, elas estão presentes e fortes delimitando o lugar de cada um.  São impassíveis quando se trata de uma transgressão feminina.
Isto quer dizer que, tristemente, a história e a cultura têm sexo. Não é feminina e tão pouco democrática. Essa cultura e história instituídas usam como fontes de poder a violência sexista ou de gênero, e alavancam em seus discursos antagônicos a ideia de que qualquer violência se justifica: “porque é mulher”.
  Se for lésbica precisa ser estuprada para saber o que é homem. Se mostrar o corpo pede pra ser estuprada porque quer homem. Se esconder o corpo merece ser estuprada porque aguça a curiosidade dos homens. Se for menina merece ser estuprada para saber como vai ser sua vida com um homem. Se for idosa precisa de homem. Se estiver estressada é por falta de homem. Se estiver deprimida precisa de homem para alegrá-la. Se for feia precisa agradecer o estupro. Se for bonita provocou. Se for religiosa precisa se voltar menos a Deus e mais ao homem. Se não é religiosa falta-lhe homem para elevá-la a Deus. Se trabalhar no meio de homens, procurou por homens. Ou seja, a cultura e a história já mostraram que não superamos o falo. O “cacete”, o “pau”, o “mastro” e o “porrete” estão sempre à espreita para bater, marcar “seu lugar”, “seu status”, “segregar” e quando não violenta sexualmente, fere com essas marcas indeléveis de cultura.
Enfim, vestir-se de forma diferente e por vezes até inadequada é apenas um problema de gosto ou educação, o que de forma alguma autoriza abordagens impertinentes, frases chulas ou mesmo a violência do contato físico. Neste contexto, imagino que quem apoie a posição de que "se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros", claramente um ato de violência no espaço público, provavelmente também apoie a violência de homens contra as mulheres no espaço familiar, como mostra o estudo. O que nos mostra que a histórica domesticação feminina e hierarquização das relações implantadas pelo patriarcado deram certo. E que a nossa sociedade tem muito que caminhar no que tange à justiça, a igualdade e a não reprodução de modelos perversos de relação.

Por: Silvia Piedade de Moraes e José Roberto Brêtas

quinta-feira, 27 de março de 2014

IMUNIZAÇÃO contra HPV

O QUE É HPV?
Cerca de 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV e a incidência anual de 500 mil casos de câncer de colo do útero. “HPV” é a sigla em inglês para papilomavírus humano, vírus capazes de infectar a pele ou mucosa, são mais de 100 tipos diferentes.
Na maioria das vezes, a infecção pelo HPV é transitória e regride espontaneamente, mas em alguns casos a infecção persiste, sendo ela causada por um vírus oncogênico (potencial para causas câncer). Câncer de colo do útero tem origem na infecção causada pelo HPV oncogênico que causa lesões precursoras no fundo da vagina e, se não tratadas, podem se transformar em câncer. Na maioria das vezes, as lesões não apresentam sintomas, conforme avança aparece o sangramento vaginal, corrimento e dor, nesses casos é importante procurar um atendimento de saúde.
Além da infecção do HPV, a imunidade, genética e o comportamento sexual influenciam na chance de desenvolver o câncer de colo de útero. O tabagismo, o início precoce da vida sexual, o número elevado de parceiros sexuais, de gestações e o uso de pílula anticoncepcional e a atividade diminuída do sistema imunológico (causada por infecção pelo HIV ou uso de imunossupressores) são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.
As mulheres podem se prevenir do câncer do colo do útero através do exame ginecológico (Papanicolau), se as feridas forem detectadas previamente a cura acontece em 100% dos casos. O exame pode ser feito por mulheres que já tiveram relações sexuais ou entre 25 a 64 anos. O exame deve ser realizado uma vez por ano, passando a cada três anos, se os resultados forem normais.
Tanto os homens quanto às mulheres podem estar infectados pelo vírus HPV. A principal forma de transmissão se dá pelo ato sexual (oral-genital, genital-genital ou genital-anal) ou quando em contato direto da pele/mucosa infectada. Para prevenir a transmissão é imprescindível o uso de preservativo (camisinha) durante todo o contato sexual (com ou sem penetração).

IMUNIZAÇÃO  
 A partir de 10 de março começou a ser aplicada a vacina contra HPV gratuitamente pelo SUS em meninas de 11 a 13 anos em escolas e postos de vacinação. Para receber a dose, basta apresentar o cartão de vacinação ou documento de identificação.
As vacinas são preventivas, tendo como objetivo evitar a infecção pelos tipos de HPV nelas contidos. Nenhuma das vacinas é terapêutica, ou seja, não há eficácia contra infecções ou lesões já existentes.
As vacinas possuem maior indicação para meninas que ainda não iniciaram a vida sexual, uma vez que apresentam maior eficácia na proteção de indivíduos não expostos aos tipos virais presentes nas vacinas. Após o início da atividade sexual a possibilidade de contato aumenta progressivamente: 25% das adolescentes apresentam infecção pelo HPV durante o primeiro ano após iniciação sexual e três anos depois esse percentual sobe para 70%.
Não existe risco à saúde caso uma pessoa que já tenha tido contato com o HPV for vacinada. As vacinas são seguras e bem toleradas e a duração da eficácia foi comprovada até 8-9 anos. Os eventos adversos mais observados incluem dor, inchaço e vermelhidão no local da injeção e dor de cabeça de intensidade leve a moderada.
Esta vacina não é indicada para gestantes, indivíduos acometidos por doenças agudas e com hipersensibilidade aos componentes (princípios ativos ou excipientes) imunobiológicos.
A vacina é recomendada em três doses e deve ser aplicada no musculo (via  intramuscular). A segunda após seis meses da primeira dose e a terceira após cinco anos.
Mesmo com a imunização, é importantíssimo manter a realização do exame preventivo, pois as vacinas protegem apenas contra dois tipos oncogênicos de HPV (responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero).
Em 2015, serão vacinadas as adolescentes de 9 a 11 anos e a partir de 2016, serão vacinadas as de nove anos de idade.

Caso ainda haja dúvidas, entre em contato com um profissional da área da saúde ou envie a sua duvida para o nosso blog.

Por: Beatriz Moreira Furtado

ORGULHO, RESPEITO E IGUALDADE X LEI DO ARMÁRIO

No final do mês passado surgiu uma notícia que chocou o mundo: no dia 24 de fevereiro o presidente Yoweri Museveni, de Uganda na África Oriental, assinou uma legislação anti-gay que eleva as penas para quem pratica atos sexuais "contra a ordem da natureza" até a prisão perpétua. Essa lei além de criminalizar os gays, também define crime de "promoção da homossexualidade", ou seja, qualquer pessoa que defenda os direitos da comunidade LGBT (Lésbias, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) pode pegar de 5 a 7 anos de prisão.
 Atitudes como esta da notícia são sinais de retrocesso nos direitos dos homossexuais, são direitos humanos sendo dilacerados, e junto são dilaceradas crianças, adolescentes, mães, pais, filhos e amigos. Tanto que a alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay denunciou essa lei. Segundo Pillay: "Uganda deve – tanto por sua Constituição, como pelo Direito Internacional – respeitar os direitos de todos os indivíduos e protegê-los da discriminação e da violência. A norma, alertou, viola também o direito a privacidade, livre associação, manifestação pacífica, opinião, expressão e igualdade". Lembrando que discriminação é crime no Brasil segundo o Artigo 240.º (discriminação racial, religiosa ou sexual) do código penal, com penas que variam de 6 meses à 8 anos de prisão mais multa.
            Como estamos cansados de saber, a homossexualidade não é opção, nem doença ou perversão! A homossexualidade se trata de uma atração afetiva sexual por pessoas do mesmo sexo biológico. A diversidade sexual não esta restringida a homossexuais apenas, há a bissexualidade (pessoa que sente desejos afetivos por ambos os sexos biológicos), a transexualidade (pessoas que se sentem pertencentes ao gênero oposto do seu independente de sua orientação afetiva sexual), há travestis (pessoas que se sentem pertencentes de ambos os sexos e necessitam ter características dos dois em seu corpo, em geral não interfere na orientação afetiva sexual, ou seja, podem ser homo, hetero ou bissexuais) e a assexualidade (pessoas que não sentem atração sexual).
Portanto, não há nada de criminoso em ser homossexual, tirar essa ideia da cabeça das pessoas vem sendo uma exaustiva luta há anos. E, pelo menos, no nosso querido país temos visto resultados positivos. Dispomos, por exemplo, do Programa Nacional de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos da Presidência da República que tem como um dos objetivos estratégicos a "garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero", através de ações realizadas por vários órgãos do governo. Dentre elas podemos ressaltar: apoiar projeto de lei que esteja a disposição sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo; promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoafetivos; reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas pela comunidade LGBT, a partir da desconstrução da heteronormatividade; fornecer apoio à criação de Centros de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia e de núcleos de pesquisa e promoção da cidadania em universidades públicas (Campanha: faça do Brasil um país livre da homofobia, disque 100- Direitos Humanos).   
            E viva o amor, o respeito e a harmonia, porque a dignidade humana merece ser cultivada e protegida de todos e para todos!

Por: Lilian Ludscher Martins

FONTES:
-Jornal O Estado de São Paulo, 2 de março de 2014, caderno E1.
-Livro Sexualidades.
-Programa nacional de Direitos Humanos (PnDH-3) / Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da república, revisão. e atual. Brasília: 2010.
-Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, pelo website: http://www.sdh.gov.br/assuntos/lgbt/legisla